Para quem não sabe, o PSD têm uma
matriz ideológica tendencialmente de esquerda (apesar de não concordar com essa
dicotomia esquerda-direita) em que preza os valores da Liberdade, Igualdade, Solidariedade
e também o Humanismo.
Sá Carneiro, a Grande Referência
da Social-Democracia Portuguesa, não olhava para os cidadãos, e para o país, de
forma altruísta ou mesmo autista. Apesar de ter vindo do regime do Estado Novo,
não deixou de ser um líder liberal, da Ala Liberal da Assembleia Nacional, num
país sob efeito de uma ditadura de Salazar. Com o 25 de Abril, os portugueses
não o consideram um traidor à pátria e muito menos um fascista, por isso que
não foi ‘à toa’ que faleceu a 4 de Dezembro de 1980, em Camarate.
Continuo a achar que Sá Carneiro
morreu por um grupo de trapaceiros que foram melindrados na época dos factos e
não foi um simples acidente de viação, como muitos apontam como tese, que
causou a morte. Foi inclusivamente os mesmos trapaceiros que ‘engendraram’ esta
morte sádica sem qualquer noção de futuro para Portugal.
39 Anos depois da queda do regime
totalitarista e 32 Anos após a morte de Sá Carneiro, nos parece que a União
Nacional voltou a gerir os destinos do país, disfarçado de Sociais-democratas e
de Democratas Cristãos. E precisamente hoje, faz dois anos que o Governo de
Pedro Passos Coelho foi eleito, ao que se diz, democraticamente e continuamos a
assistir a um enorme desmantelamento do Estado tal como conhecemos.
Há dois anos, o país estava à
beira do abismo com uma dívida pública demasiada elevada e com promessas
irrealistas de crescimento, emprego e investimento e foi por isso que se
despoletou dois acontecimentos: Eleições e Pedido de Ajuda Externam Financeira
(PAEF; Troika).
Passados dois anos o que
verificamos…? O mesmo que há dois anos. Mais desemprego, menos investimento,
menos crescimento e uma asfixia económica, financeira e social.
Voltemos para o PSD…
Passos Coelho tentou capitular o
poder do partido, pela primeira vez, em 2009. Só que os militantes decidiram
escolher Manuela Ferreira Leite, a velha senhora que os portugueses não
gostavam, mas eu considero que esta ‘velha senhora’, no seu momento oportuno,
chamou a atenção das coisas e sobretudo o caminho que o país estava a seguir.
Mas o que o país estava a
esquecer, é que no contexto em que vivamos em 2009, e que hoje continua, era
preferível ter um Governo de Economistas e Fiscalistas sérios e que já têm um
historial completo das finanças públicas do Estado, com soluções para o combate
ao desemprego e ao défice. Não é com a desculpa por ter sido uma má Ministra da
Educação, em mandatos de Cavaco Silva, e uma má Ministra das Finanças, no
mandato de Durão Barroso, que não tentou acautelar os interesses nacionais
porque o problema foi o excesso de ganância dos líderes dos Governos. Vejam
como foram os finais de mandatos destes Governos todos…? Deixa dívidas para o
governante que vier…
Passos Coelho, que se julga que é
um bom gestor, julgava que também era assim, mas no fim faz precisamente o
contrário. Por isso que capitulou o poder do partido em 2011 com a eleição
legislativa de Junho de 2011.
Como recordamos, as medidas
eleitorais que foram apresentadas e sufragadas aos portugueses pelo Pedro
Passos Coelho, e sua equipa de trapaceiros, é que não podiam ser executáveis
com um Memorandum, que foi considerado por Vítor Gaspar como um documento ‘mal
desenhado’, e com as exigências externas que impunham uma receita à base de
austeridade, empobrecimento e redução de um Estado Mínimo (que ninguém sabe o
que é isso).
Qualquer comum cidadão e também
qualquer comum militante de matriz Social-democrata da sua génese fundadora (a
de Sá Carneiro, claro!) verifica que tudo o que foi apresentado não está na
base dos valores criados na matriz ideológica, se não vejamos no Artigo 1.º dos
Estatutos do Partido Social Democrata que está actualmente em vigor:
«1 . O Partido Social Democrata
tem por finalidade a promoção e defesa, de acordo com o Programa do Partido, da
democracia política, social, económica e cultural, inspirada nos valores do
Estado de Direito e nos princípios e na experiência da Social-Democracia,
conducentes à libertação integral do homem.»
Mas desde quando é que o Programa
do Partido se enquadra nestes valores? Será que não estamos esquecidos do que
foi o PSD no passado e do que é o PSD na Sociedade Portuguesa? Mas desde quando
é que, com Passos Coelho na liderança, existe democracia política, social
económica e cultural, com base nos valores do Estado de Direito, junto dos militantes,
apoiantes e sobretudo dos cidadãos…?
Recentemente, estamos
confrontados com uma polémica, que se chama Lei de Limitação de Mandatos
Autárquicos, ao qual ninguém do Governo se disponibiliza a rectificar ou, até
mesmo, clarificar a lei para podermos analisar algumas candidaturas que
consideramos ilegais, à luz das decisões dos tribunais que já se pronunciaram.
Mas que PSD é este que não aceita que a acção popular dos cidadãos, seja de
forma individual ou colectivamente, que está prevista na Constituição (através
do Artigo 52.º), em apresentar providências cautelares ou queixas que
demonstram claramente que o PSD não está a cumprir o que está previsto na Lei
de Limitação de Mandatos Autárquicos.
Onde está a liberdade que os
Estatutos prevêem…?
Continuamos a analisar o Artigo
1.º dos Estatutos do Partido Social Democrata…
«2. O Partido Social Democrata
concorrerá, em liberdade e igualdade com os demais partidos democráticos,
dentro do pluralismo ideológico e da observância da Constituição, para a formação
e a expressão da vontade política do Povo Português.»
Será possível que este grupo que
continua a apoiar esta liderança do PSD continua esquecido desta regra tão
básica que é o pluralismo ideológico e sobretudo cumprir com a Constituição,
documento que pelos vistos é abominável no seio destes senhores, esquecendo-se
que foi o PSD em conjunto com o PS e com o PCP, em 1974, que concordavam com
esta Constituição e que reviram a Constituição para agradar algumas
‘clientelas’? Quantas vezes o Orçamento de Estado foi chumbado pelo Tribunal
Constitucional ao longo deste dois anos? Será que ainda não aprenderam a lição
à primeira…?
Onde está a democracia que
respeita a vontade política do Povo Português? Se os Portugueses dizem ‘este
caminho que estamos a seguir está errado!’ porque continuam a ser teimosos em
continuar? Será que estão esquecidos que o Artigo 2.º da CRP, que passo a
citar, «a República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na
SOBERANIA POPULAR, NO PLURALISMO DE EXPRESSÃO e organização política
democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e
liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a
realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da
democracia participativa»?
A partir do momento que censuram
vários militantes do PSD por acusar a direcção do PSD por não respeitar a
vontade dos cidadãos em várias matérias, e sobretudo, apontar os erros
grosseiros ao qual os apoiantes destas trapalhadas, que fazem todos os dias,
continuam a acreditar de forma grosseira, acham que as diferentes opiniões não
contam para o pluralismo de expressão? Vejam as declarações públicas de vários
militantes do PSD, que deveriam de serem expulsos do partido com justa causa:
«O que vemos aqui é que há… São
os militantes de base que continuam a apoiar o PSD, continuam a apoiar o
Governo…» - Miguel Poiares Maduro, Ministro-Adjunto, RTP, 4 de Maio de 2013,
39.º Aniversário do Partido Social Democrata.
«Só faz falta quem cá esta! E
portanto… Julgo que foram todos convidados… antigos presidentes… portanto o que
lhe posso dizer…?» - Margarida Lopes, Vice-Presidente da Comissão Política
Nacional do PSD, RTP, 4 de Maio de 2013, 39.º Aniversário do Partido Social
Democrata.
«Creio que a palavra-chave aqui é
verdade. Nós estamos hoje em condições de poder ter um futuro que é
necessariamente mais risonho, com mais esperança, mas isso não significa aqui
uma perspectiva de facilidade. Eu não tenho dúvidas de que o país está melhor
hoje do que há dois anos» - Luís Montenegro, Líder da Bancada do PSD na AR,
Jornal Sol, 3 de Junho de 2013, 2º Aniversário da Eleição do Governo.
Mas onde andam estes três
senhores com a cabeça…? 75% dos militantes do PSD estão a ter ordem de expulsão
do PSD por conveniência destes senhores e sobretudo por respeitarem regras tão
básicas como por exemplo o pluralismo e por não se reverem nestas políticas e,
sobretudo, de mentiram descaradamente a estes mesmos 75% dos militantes do PSD
com uma ideia de verdade quando não falam a verdade. Mas o mais interessante, é
que estamos próximos de eleições autárquicas, em que é uma grande prova de fogo
de como os cidadãos confiam neste Governo ou não, é que se verifica o maior
número de candidaturas independentes ao qual os partidos (e não é só o PSD o
único na berlinda) não lhes deram qualquer tipo de crédito, ainda, por cima,
maioria deles residentes nos concelhos para o qual se candidatam.
Mas deixem-me recordar duas
alíneas que são claras pelo não respeito do que já falamos…
«3. O Partido prossegue os seus
fins com rigorosa e inteira observância das regras democráticas de acção
política, repudiando quaisquer processos clandestinos ou violentos de conquista
ou conservação do poder.
4. O Partido não têm carácter
confessional.»
Conclusão disto tudo:
1. – É falso que cumprem as
regras democráticas!
2. – É notório que fizeram um
processo clandestino de conquista e sua respectiva conservação do poder dentro
de um partido que se diz, de matriz Social-Democrata.
3. – Se o Partido não têm carácter
confessional, porque a direcção do PSD é toda ligada à Maçonaria, que é uma
associação secreta com actos contra o Estado de Direito que se tenta colocar em
prática, desde da implantação da República? Se têm dúvidas, vejam quem é Pedro
Passos Coelho, Miguel Relvas, Luís Montenegro, Miguel Poiares Maduro, Luís
Filipe Menezes e Francisco Pinto Balsemão…
4. – Porque esta direcção não têm
vergonha em rebaptizar o partido de Partido Social Democrata para Partido
Social Maçónico (PSM)? Ou até mesmo serem os poucos resquícios do Partido do
António de Oliveira Salazar, a União Nacional?
É por essas e por outras que a
história da morte de Sá Carneiro está a vir, cada vez mais, à tona, mesmo, em
pleno Século XXI, onde a tecnologia já consegue desmitificar muitos enigmas da
história de todos os tempos.
Fica a frase de um Sherlock Holmes:
Quem matou Sá Carneiro são estes ‘pirralhos’ que capitularam o PSD.
«O Poder não se conquista pela
Espada. Conquista-se pela responsabilidade, pela ética, pelos valores, pela
solidariedade, pela dignidade e pela competência.»
Miguel Couto, 5 de Junho de 2013.
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