
O verniz estalou e o aparente noivado entre o governo e os fiscais dos nossos credores rompeu-se na última avaliação efectuada no passado mês de Setembro. Parece que a noiva descobriu que o noivo, aparentemente muito poupadinho e bem comportado, afinal não passava de um estouvado, com más companhias e, que aproveitava as suas ausências para todo o tipo de comportamentos censuráveis. O noivo apanhado em flagrante, passou a gritar aos sete ventos que se queria ver livre dela. Aonde é que já vi esta história.
Eu pela minha parte, confesso-me um indefectível apoiante do inverso, e por isso rogo “que a Troika nos livre deste governo”, e aqui tentarei desmistificar a enorme atoarda para a qual nos estão a tentar convencer do oposto.
Em primeiro lugar, temos que compreender a quem serve a hipotética e, acrescento patética, saída da Troika de Portugal? Se atentarmos nas circunstâncias que estiveram na origem da sua entrada, rapidamente verificamos que estas se mantêm, e que dezoito meses depois continuamos a necessitar, quer gostemos quer não, da Troika, e dos milhares de milhões de Euros que esta representa.
Qual então a razão pela qual estará o governo tão empenhado em que estes abandonem o país. Simples, temem que o controlo externo a que se encontram sujeitos, não lhes permita usar e abusar na plenitude do aparelho de Estado, que agora governam, mas que ainda não tiveram oportunidade de controlar.
Temem que, após a mais que certa derrota nas eleições autárquicas do próximo ano, não possam abrigar no chapéu-de-chuva do Estado os milhares de boys e girls, do aparelho partidário, que constituem a base de apoio que os levou, e mantem, no poder.
Temem, não poder sentar-se a mesa a discutir PPP’s, TGV´s, SCUT´s e outras sumptuárias, que nos conduziram à desgraça em que nos encontramos com os representantes da finança, e assim assegurar o seu futuro pós-governo.
Em resumo, temem que se não forem para além da Troika, se não correrem com a Troika, e em consequência terem o acesso aos tão desejados mercados a seu bel prazer, não poderão cumprir a suprema missão para a qual foram educados, continuar a salvaguardar o interesse próprio, e com isto a esventrar o futuro de Portugal e dos portugueses.
E é por isto que não querem cortar na despesa, para além dos desgraçados dos funcionários públicos, e da saúde e educação dos portugueses, e é por isto que se preparam para nos dizimar com um aumento de IRS sem precedentes.
António Vicente
António Vicente
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