Nos tempos que correm sou um homem com sorte.
A minha avó materna (que sendo Católica Deus a tem) ensinou-me a fazer papas de milho com "piques" como ela dizia. Já vamos aos "piques", não tem nada de que saber só é preciso farinha de milho água e sal (e os tais "piques" que são um luxo), o prato apesar dos ingredientes é mais difícil de confeccionar do que possam pensar, tem de se meter a proporção da água certa para a farinha de milho e depois da água a ferver tem de se acrescentar LENTAMENTE a farinha e ir mexendo para a farinha ficar totalmente desfeita e não ganhar "caroços", é muito tempo a mexer com a colher de pau até ter as papas de milho. Depois disto temos um dos pratos que alimentou a minha avó que vivia de forma miserável.
Certo... os "piques", quando havia um pedaço de chouriço, fritavam-se umas rodelas em banha e depois metiam-se essas rodelas em cima das papas de farinha de milho, assim cada um servia-se das papas com uma rodela de chouriço e a sua respectiva gordura.
Família alimentada.
Depois há a Açorda... sinceramente prefiro comer pão e beber água a seguir do que comer uma açorda, deve ser dos poucos pratos que não gosto, ok a água da açorda tem um sabor agradável mas o pão assim não gosto, o mesmo em relação à migas, pão desfeito em água para mim só para os patos.
Felizmente casei com uma mulher que consegue transformar um pão desfeito com alho e azeite em algo delicioso ou seja consigo adorar as migas que a minha mulher faz.
A continuar assim sou um homem sortudo pois cá em casa papas de milho e migas vão encher com gosto a barriga da família tal como acontecia com os meus antepassados há três gerações atrás.
Alexandre Sebastião
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