sexta-feira, 19 de outubro de 2012

'Desorçamento' de Estado

Ao longo da história da III República, todos os Orçamentos de Estado sempre foi a cortar pouco na despesa e aumentar sempre a receita fiscal. Nunca se pensou no futuro do Estado, na saúde dos portugueses, na Segurança Social dos portugueses que neste momento está frágil…

Foi preciso dois dias e meio para entregar 10 discos amovíveis portáteis (ou na gíria popular por ‘pens’ esquecendo-se que não são canetas de dados…) e um caderno grosso à Senhora Presidente da Assembleia da República para nos dizer que a equação da receita e da despesa não passa de 80% e 20%, respectivamente.

Depois de um documento entregue, apresenta ao país, numa conferência de imprensa, dando uma ‘gonorreia’ de explicações macarrónicas a ponto do Senhor Ministro das Finanças dizer publicamente que ‘está a retribuir ao Estado Português a educação que lhe foi dada’. Mas desde quando é que o Estado Português têm de ser retribuído, tendo um Ministro que falha nas suas previsões e nas suas contas?... Quem deve estar agradecido ao Estado Português são os países que receberam milhares, ou até mesmo talvez milhões, de jovens que acabaram os seus cursos e que foram obrigados a emigrar porque se sentem ‘empurrados’ ou mesmo marginalizados pelo seu próprio país em não recebê-los e garantir o seu futuro no seu próprio país que tanto amam.

Só dizendo esta última frase, recorda-me uma das minhas intervenções públicas numa Assembleia de Freguesia, durante o mandato de José Sócrates no Governo: «Eu amo o meu país! Amo a minha freguesia! Mas não amo aqueles que nos Governam!» E é verdade!... Por muito que custe dizer, é verdade! Quem é o cidadão luso que não gosta do seu próprio país? Quem é o cidadão luso que não gosta de defender a sua terra? Ou as suas gentes?... Eu diria todos! E isso é motivo de orgulho do Estado Português!
Voltando ao assunto…

A receita vêm sempre dos mesmos do costume… Daqueles que trabalham, daqueles que tentam estabilizar as suas empresas e agora daqueles que não têm a culpa por lhes terem obrigado a irem para o desemprego. No princípio a teoria era baixar a Taxa Social Única das empresas e aumentar a dos trabalhadores. Mas como não reuniu consensos, sejam eles sociais, políticos e institucionais, o povo veio à rua e ganhou essa luta. Mas os dois teimosos compulsivos do costume (estou a falar de Pedro Passos Coelho e Vítor Gaspar) tentaram arranjar outro ‘cambalacho’ para tapar um défice que era para ser de 4,5% para ser em 6%, dado que a ‘troika’ reviu os dados da despesa pública de Portugal. Então reduziu de 8 para 5 escalões de IRS para prejudicar aquele que ganha o salário médio (estamos a falar entre os 750 Euros e os 1000 Euros por mês) e colocando uma sobretaxa de solidariedade (como se eles soubessem o que é isso de solidariedade) de 4% que pode implicar ficar sem um subsídio (seja ele de férias ou de Natal). Mas o mais grave de tudo neste Orçamento, é que aumentam em mais 2% no IRC das empresas o que significava que os cidadãos (sejam eles singulares ou coletivos) sejam todos ricos, mesmo que ganhe uns miseráveis 485 Euros por mês ou que tenha lucros marginais de 5 mil Euros anuais. Já para não dizer o ‘quão’ ridículo de dar 20% de um prémio de jogo de sociedade como o Euromilhões. Já pensaram que em vez de ganhar 15 Milhões de Euros para ganhar 12 Milhões de Euros, fora o resto dos impostos que ainda irá pagar?...
Na despesa… Pois corta-se pouco ou mesmo nada! E ainda querem sugestões?...

O Governo, mais propriamente o Ministro da Economia e da Defesa, foram a correr aos dois telejornais explicar uma cartilha muito mal contada. Mas não pensem que foram os únicos que tentaram explicar mal a cartilha do Ministro das Finanças. Pedro Pinto, membro da Comissão Política Nacional do PSD, numa Assembleia de Militantes da Distrital de Lisboa, andou a falar durante uma hora em disparates e sempre a acusar o PS de ser o único responsável por duplicar o valor da dívida esquecendo-se que o PSD, durante os curtos mandatos que teve, também foi responsável de muitas dívidas que fez no passado e hoje continua a fazer.

Só de ouvir aquela hora de disparates, deu-me vontade de dizer:
Oiça lá Senhor (Pedro Pinto)! Porque esta a contar barbaridades sem nexo e que em nada têm a ver com a questão do Orçamento de Estado? Será que teve a capacidade de fazer algumas contas que os portugueses podem dar?... Dizer que a PT, a EDP e a Galp (os interesseiros do costume) conseguiram obter financiamentos externos é que vai ajudar as pequenas e médias empresas?! Será que está esquecido que os empréstimos obrigacionistas implica que durante 6 anos (recordando o caso PT, que tenho mais conhecimento), a PT têm de devolver com juros esse empréstimo e que nem sempre é externo? Eu já trabalhei para algumas instituições bancárias e posso dizer que o mercado de obrigações basta que alguém tenha dinheiro e não têm rosto porque são as Entidades Financiadoras (neste caso os Bancos com a devia autorização da CMVM – Comissão de Mercados de Valores Mobiliários) que estão a representar esses mesmos investidores. Então que me têm a dizer sobre o empréstimo do Estado de cerca de 600 Milhões de Euros que vamos deixar de pagar para contrair três novos empréstimos, em três diferentes prazos, que totalizam 1 850 Milhões de Euros?...

Não me venham com a desculpa que é do PS, que isso os portugueses já sabem, mas sim de TODOS OS GOVERNOS que geriram mal o país! Uma coisa posso concordar consigo, Sr. Pedro Pinto, que o PSD tinha possibilidades de fazer as reformas estruturais mas não acredito que não tenham tido coragem para executar. Porque para executar essas mesmas reformas é preciso ter dinheiro, que neste momento não existe!

O CDS-PP já começa a demarcar-se de forma discreta mas o Governo já não terá condições para continuar a Governar…
Que venha um Governo de Salvação Nacional de pessoas competentes!


Miguel Couto

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